quinta-feira, 27 de maio de 2010

O eco de sua voz soava em meus pensamentos. Impedida de renunciar, tento conseguir um blefe inocentemente hipócrita. Em meu quarto, assento-me na cama e apoiando as mãos no rosto já umedecido há algum tempo, olho pela sacada e lá estava ela, me admirando meio que assustadoramente, com minha inesperada reação. Já não sabia mais o que iluminar, sendo que a fonte da luz dos sonhos perdidos havia se esgotado.A Lua me disse que não podia trazê-lo de volta e que este pedido só eu mesma conseguiria realizar. Então, naquela noite, desacreditando deste último fato, resolvi selar meu silêncio com ela, retirando minha alma e minha mente de qualquer possível contato com a Lua.Com raiva e ao mesmo tempo decepção, fecho a janela, encontrando com meu olhar, o espelho. Nossas lembranças passando como um filme pela minha mente, me inibindo de qualquer movimento que pudesse estragar o momento.Naquela hora eu senti ódio, o espelho condenava-me, mostrando o que eu realmente era; indecisa e covarde. Havia perdido aquela única oportunidade que facilmente escapou. Como pude fazer isso? Ser tão impetuosa e egoísta? Agora não o tenho mais e nem ao certo sei se o terei novamente. Minha longínqua esperança garantia-me não poder mais me ajudar. Justo. Sou eu quem deve desfaze o erro, mas a raiva que me consumiu foi tão intensa que, naquele momento, só viam-se ladrilhos de vidro e uma velha moldura fosca no chão. O meu reflexo no espelho havia desaparecido e a raiva cessou.Conclui que ambos eram cúmplices. Ele e a Lua combinaram meu sofrimento.

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