sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Marionete Humana


Articulável, oca e sem serventia.Seu lar era em qualquer canto vazio; sua vida não a pertencia.Era uma marionete nas mãos do destino, nem ao menos controlava seus próprios desejos.Desejos? Não sabia o que era desejar ou sentir, e perguntava a si mesma se dentro daquele corpo maleável caberia um coração.Inacreditavelmente descobriu que possuía um pensamento ao menos inteligível.Acharia uma maneira de se livrar daquele controle devastador que proporcionava uma depressão profunda em sua alma.Não sabia como, mas conseguiria.Lutou durante muitos anos com esse medo incontrolável e sabia que era a hora de dar um basta e decidir seu próprio caminho. Pelo menos dessa vez.De uma só vez livrou-se da caixa que a aprisionara; descobriu que tinha olhos e enchergava um mundo novo, que a convidava a explorá-lo.Finalmente pode mecher seus braços e caminhar com suas pernas. O controle agora era seu.Deu adeus ao ventríloco que cochilava em um canto da sala, e saiu sem nem ao menos escrever-lhe um bilhete de despedida.Talvez quando ele acordasse, demorasse algum tempo para perceber que a boneca fora em busca ao seu próprio lar. E o que poderia fazer?Ele sabia que esse dia chegaria mais cedo ou mais tarde.Se o seu doce brinquedo voltaria? Jamais iria saber.Sua única certeza era que tinha amarrado as cordas bem firmes com um laço.Um laço feito trança; trança de gente.Um intrelaçado de corações. O seu, velho e sábio. O dela, jovem e inexperiente.Mas juntos, eram um só.

Um comentário: