terça-feira, 13 de abril de 2010


Teria sido aquilo mesmo que causei nela quando a conheci? Depois do verão, eis que ela fala do inverno, das tristezas e de suas decepções, com palavras de decepção, descreve como sua maior alegria, veio a se tornar a maior das dores, o fim dos amores, o fim do fim. Fala das noites mal dormidas, dos pensamentos presos no silencio, lagrimas que rolaram, e de sua nova amiga, a saudade; saudade de alguém que se foi sem jamais dizer adeus. Fala das muitas vezes que descrente resolvia renunciar de tal amor, mas que ele parecendo saber de seus pensamentos, mais uma vez, retornava do lugar onde se escondia para prendê-la em um mundo de sonhos. Desta vez a leitura é pausada, ele reconhece sua parcela de culpa. Sabe bem que por medo de deixar de ser amado, muitas vezes preso em seu egoísmo ia embora, mas voltava sempre que ela se afastava pra ter certeza que era ela ainda sua. Sentiu uma dor no peito, lágrimas pareciam querer tomar-lhe a face. Não quis ler o resto da carta, fosse o que fosse, ele já conhecia sua culpa, e as marcas que sua juventude desventurada havia deixado naquela pobre menina. Rasgou a carta com raiva, para ele começava aqui a luta para com sua consciência. Ele reconhecia sua ausência, mas jamais quis matar a pureza da mais bela flor de seu jardim. Não leu a carta até o fim, mas deveria. Estava escrito ali nas últimas palavras, que mesmo depois de tanta dor, havia amor ali ainda. Ela dizia, nas últimas linhas, sussurrando baixinho para que mais ninguém escutasse: essa é a última vez que lhe peço pra não me deixar sozinha. Mas ele não leu, não pode ouvir, viveu pra sempre no escuto. Um final infeliz, enfim.

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